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O Vestido Maldito

Indicação de Filme do Mês de Abril

por Rômulo Bischoff


Vestido Maldito (2018) (in Fabric)

Roteiro e direção: Peter Strickland

Rússia



Um filme bem diferente e fora do habitual, para quem está acostumado aos cinemas de bilheterias, explosões, tiros, frases de ação e roteiros sempre iguais com modelos fixos de personagens utilizados a anos, como o anti-herói, a mocinha ingênua, o herói improvável, inexperiente e que até o final do filme torna-se o salvador do mundo, o mulherão sedutor, o vilão excêntrico com traumas de infância não resolvidos e toda aquela receita pronta da qual muitos como eu, já não possuem estômago e nem os outros órgãos do corpo para aguentar. Filmes como “Esquadrão Suicida”, do qual na metade do filme o tédio me dominava a tal ponto que me doíam os músculos do rosto de tanto bocejar e desisti de saber o final, ou pior, “Prometheus”, que na primeira fala do filme, já me fez desistir o que não durou três minutos.

A estética do filme acontece entre o final dos anos 80 e inicio dos anos 90 aproximadamente, tanto nos cenários, como também em filmagens, das quais alguns momentos os efeitos de gravações parecem ter sido feitos com uma câmera Super 8, uma qualidade inferior, levemente fosca e um pouco embaçada, uma experiencia visual um tanto nostálgica.

O gênero, alguns classificam como terror/comédia, no quesito terror lembra aqueles filmes trash B, onde um objeto inanimado traz desgraça e morte por onde passa, como uma maldição ou como o próprio assassino. Já na parte da comédia, existem cenas bem abstratas e engraçadas, as quais se apresentam de uma forma única e sem parâmetros pré estipulados ou definidos.

O desenrolar da historia, se desenvolve em torno de um vestido vermelho, muito bonito, do qual atrai a atenção aos olhos dos consumidores, em uma loja de roupas que expressa a ascensão do consumismo desenfreado. O desejo e a sedução na experiencia de compra em uma loja grande, com vitrines extensas, cheia de vestimentas a venda para todos os lados, como as magazines de shoppings, vendedoras treinadas a tentar e provocar “faiscas” no inconsciente dos consumidores para que acenda a chama e ativem áreas de seus cérebros que impulsionem a compra, por muitas vezes sem a pessoa realmente querer, precisar ou poder comprar aquilo.


O curioso é que a historia toda, não se desenvolve somente nisso, ou gira nesse entorno, esse tema vai e volta no decorrer do filme, mesclado entre outros temas e personagens diferentes e desconexos ao tema inicial, problemas e assuntos abordados esses de temáticas atuais, como a solidão, o convívio entre as pessoas, a dependência das pessoas presas em sociedades capitalistas doentias, sem ao menos poder escolher se desejam viver dentro delas ou não, o condicionamento da classe oprimida a modelos empresariais dos quais trabalham com torturas psicológicas camufladas e outras referencias algumas vezes apenas meramente artísticas.

Cena do Filme (Divulgação)

O que me chamou a atenção nesse filme além de todo o referido acima, foi a fotografia. Jamais havia visto algo semelhante anteriormente, apenas o filme “O troco” com Mel Gibson, me chamou a atencao pelas cores diferenciadas nas imagens, lembro que era criança na época e me chamou a atenção pelo filme aparentar uma cor azulada nas cenas, como um filtro de Instagram. Depois quando adolescente assisti “O fabuloso destino de Amélie Poulain” o qual é aclamado e ganhou reconhecimento por meio de prêmios e indicações pela fotografia e outros pontos também. Porém, devo salientar que em minha experiencia não existe nada, em comparação ao vestido maldito que eu tenha visto anteriormente, pois chama muito a atenção, a ponto de não deixar se passar despercebido por qualquer um que assista.

Em resumo, um filme que gostaria de indicar para todos, ele está disponível na Amazon Prime, e supera todas as expectativas para quem gosta de cinema. Sei que pelo nome e a capa, o filme dificilmente pode despertar a vontade de assisti-lo em muitos, mas não julguemos o filme pela capa e o título e demos a chance de ver algo totalmente inovador, saindo do famoso “arroz e feijão”.


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